O solitário gesto de viver
não demanda a coragem que há na faca
na ponta do punhal e até no grito
de quem fala mais alto e está coberto
de razões, de certezas, de verdades.
O gesto de viver se oculta em dobras
tão íntimas do ser, que o desfazê-las
é mais que indelicado, é violência
que nem sequer se pode conceber.
não demanda a coragem que há na faca
na ponta do punhal e até no grito
de quem fala mais alto e está coberto
de razões, de certezas, de verdades.
O gesto de viver se oculta em dobras
tão íntimas do ser, que o desfazê-las
é mais que indelicado, é violência
que nem sequer se pode conceber.
O gesto de viver é só coragem
mas, de tal forma próprio e incomparável
que não se exprime em verbo, imagem, mímica
ou qualquer outra forma conhecida
de contar, definir ou explicar.
A coragem no gesto de viver
está em coisas simples, por exemplo
na diária decisão de levantar.
E mais, em se vestir e trabalhar
por entre espadas, punhos e navalhas
peito aberto, sem armas, passo firme
e à noite, ainda intacto, regressar.
Reynaldo Valinho Alvarez

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