Vagando em versos

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Reflexão



Há certas almas
como as borboletas
cuja fragilidade de asas
não resiste ao mais leve contato
que deixam ficar pedaços
pelos dedos que as tocam.

Em seu voo de ideal
deslumbram olhos
atraem as vistas:
perseguem-nas
alcançam-nas
detêm-nas
mas, quase sempre
por saciedade
ou piedade
libertam-nas outra vez.

Elas, porém, não voam como dantes
ficam vazias de si mesmas
cheias de desalento...

Almas e borboletas
não fosse a tentação das cousas rasas
- o amor de néctar
- o néctar do amor
e pairaríamos nos cimos
seduzindo do alto
admirando de longe!...

Gilka Machado

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