Vagando em versos

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Poeira




Poeira leve, a vibrar as moléculas: poeira
Que um pobre sonhador, à luz da Arte, risonho
busca fazer faiscar: pó, que se ergue à carreira
do Mazepa do Amor pela estepe do Sonho.

Para ver-te subir, voar da crosta rasteira
da terra, a trabalhar, todas as forças ponho:
e a seguir teu destino, enlevada, a alma inteira
o teu ciclo fará, seja suave ou tristonho.

Não irás, com certeza, alto ou distante. O insano
pó não és que, a turvar o céu claro da Itália
traz o vento, a bramir, do deserto africano:
que és o humílimo pó duma estrada sem povo
Que, pisado uma vez, pelo ambiente se espalha
Sente um raio de Sol, cai na terra de novo.


Humberto de Campos

Nenhum comentário: