Vagando em versos

domingo, 22 de outubro de 2017

Mors-Amor



Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente
Formidável, mas plácido, no porte
Vestido de armadura reluzente

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"


Antero de Quental

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