Olhos fitos no vácuo, a amiga pena em pouso
Eis-me, pois a pensar... De antro em antro, de serra
Em serra, ecoa, longo, um requiem doloroso.
No alto uma estrela triste as pálpebra descerra
Lançando, noite dentro, o claro olhar piedoso.
A alma das sombras dorme; e pelos ares erra
Um mórbido langor de calma e de repouso...
Em noite assim, de repouso e de calma
É que a alma vive e a dor exulta, ambas unidas
A alma cheia de dor, a dor cheia de alma...
É que a alma se abandona ao sabor dos enganos
Antegozando já quimeras pressentidas
Que mais tarde hão de vir com o decorrer dos anos.
Francisca Júlia da Silva Munster
Francisca Júlia da Silva Munster
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