Vagando em versos

domingo, 24 de setembro de 2017

Testamento do homem sensato






Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: “Ele era assim...”
Mas senta-te num banco de jardim
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se um dia, só, na tarde em queda
surgir uma lembrança desgarrada
ave que nasce e em voo se arremeda

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada
como uma luz, mais que distante, breve.

Carlos Pena Filho

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