Os poetas acreditam ser um
barco
E entram nele
Permita-me também eu embarcar
neste barco
Avançando sobre as ondas do tempo
Sem que o mastro se arqueie
Sem que haja a necessidade de se mover do lugar
Porque o tempo passa cada vez mais célere
À volta do barco
Os poetas esperam, se recusam a
dormir
Se recusam a morrer
Para não perder o último momento
Quando o barco se desprender da costa
Mas o que é a imortalidade se
não
Este barco de pedra
Que espera com inabalável tenacidade
Aquilo que nunca se realizará?
Ana Blandiana
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