Palavras
tantas vezes perseguidas
palavras tantas vezes violadas
que não sabem cantar ajoelhadas
que não se rendem mesmo se feridas.
Palavras tantas vezes proibidas
e no entanto as únicas espadas
que não sabem cantar ajoelhadas
que não se rendem mesmo se feridas.
Palavras tantas vezes proibidas
e no entanto as únicas espadas
que ferem sempre mesmo se
quebradas
vencedoras ainda que vencidas.
Palavras por quem eu já fui
cativo
na língua de Camões vos querem
escravas
palavras com que canto e onde
estou vivo.
Mas se tudo nos levam isto nos
resta:
estamos de pé dentro de vós
palavras.
Nem outra glória há maior do que
esta.
Manuel Alegre
O Canto e As Armas, 1967
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