sábado, 30 de setembro de 2017
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Durmo
Sobre a natureza humana
Uma das coisas mais trágicas que eu conheço
sobre a natureza humana
é que todos nós tendemos a adiar a vida.
Estamos todos sonhando com algum jardim
de rosas mágico no horizonte
ao invés de aproveitar as rosas
que estão florescendo
no lado de fora de nossas janelas hoje.
Dale Carnegie
As almas
As almas de todos os homens
são imortais.
Mas as almas
dos homens justos
são imortais e divinas.
Sócrates
Impermanência
Tudo passa
sofrimento, dor, sangue, fome, peste.
A espada também passará
mas as estrelas ainda permanecerão
quando as sombras de nossa presença
e de nossos feitos se tiverem desvanecido da Terra.
Não há homem que não saiba disso.
Por que então não voltamos
nossos olhos para as estrelas?
Por quê?
Mikhail Bulgakov
Em: O exército branco
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
O Tempo
Deus pede estrita conta de meu tempo
É forçoso do tempo já dar conta
Mas, como dar sem tempo tanta conta
Eu que gastei sem conta tanto tempo?
Laurindo Rabelo
Poema
Preencho
a tela
com uma
paisagem
que não
conheço
falta-me
o azul
falta-me
um pássaro
um barco
talvez
o mar
falta-me
a alma.
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
D’Amor e seus danos
D'amor e seus danos
me fiz lavrador
semeava amor
e colhia enganos
não vi, em meus anos
homem que apanhasse
o que semeasse.
Vi terra florida
de lindos abrolhos
lindos para os olhos
duros para a vida
mas a rês perdida
que tal erva pace
em forte hora nace.
Com quanto perdi
trabalhava em vão
se semeei grão
grande dor colhi.
Amor nunca vi
que muito durasse
que não magoasse.
Luís de Camões
terça-feira, 26 de setembro de 2017
Mundo (Im)perfeito
Quisera eu um mundo perfeito
Coberto com um manto de flores
Travesseiros de nuvens no leito
Onde não houvesse mais dores.
Prevalecendo o sorriso no sujeito
Ouvindo os bichos todos faladores
E que todos vivessem só de amores
No mundo do sim, do espero, do aceito...
Todavia a miséria humana é um fado
Pesado que carregamos, pesado e triste
E que nunca sabemos quando deixaremos.
Por isso nunca é demais dizer um 'obrigado"
O tempo foge e um dia do mundo partiremos...
Que pena que o mundo perfeito não existe.
Gyl
Em: Luso-Poemas
Permissão
Não nos permitimos...
Ficamos presos, encapsulados
Dentro de nós mesmos
Insensíveis ao nosso passado
Atacados pelos nossos medos
Apenas dois seres cansados
Jogados (de todo) de lado
Como velhos e quebrados brinquedos.
Não nos permitimos...
Permanecemos presos por paredes
Criadas num momento de desespero
Perpetuando nossas fraquezas,
Persistindo em velhos conceitos,
Deixando brincar nossos defeitos,
Remoendo possíveis segredos:
Numa expectativa danada
Numa distância pouca
Numa ânsia louca
Numa procura desesperada
De um beijo que não aconteceu
De um abraço que nunca se deu
De um sorriso que por muito pouco
Tempo existiu...
Não nos permitimos...
Sonhamos uma vida cor-de-rosa
Resistimos. Adoecemos nossas almas.
Tínhamos os sorrisos amarelados.
Tudo tingimos de tons acinzentados.
Assistimos, exaustos, ao mesmo espetáculo.
Entorpecemos-nos de viver pouco a vida.
Deixamos na poeira dois corações murchos,
Devastados pela existência e saciados dela.
Não nos permitimos
Perdemos-nos em crateras
Transformamos tudo em dor
Deixamos nascer uma triste primavera
Donde brotou uma rosa inócua,
Inodora, insípida e incolor.
Não nos permitimos...
Por quê?
Gyl
Na íntegra em: Luso-Poemas
Abismos
Hoje sei
que não é a
distância
que separa as pessoas.
Mas sim a frieza
a falta de diálogo
a falta de atenção
a indiferença
o tanto faz.
Isso sim
forma abismos entre pessoas.
Desconhecido.
Andando sobre pedras
Minha motivação e a minha paciência
Morreram ao encontrar o fardo da inocência
Achando que era fácil, escravo da rotina
Paguei um preço alto, viver é estar na mira!
Sinto o corpo cansado e a cabeça mais pesada
O som de todas coisas ouço alto demais
Meu corpo não é de aço tão pouco a minha alma
Daria tudo para dormir um minuto a mais
Um minuto para atrasar o que eu não quero encarar
Se o tempo cura tudo, quem cura o meu atraso?
Quem cura a falta de vontade para me doar?
Mas tenho os meus motivos e um pouco de esperança
De que toda noite mal dormida vai compensar
Morreram ao encontrar o fardo da inocência
Achando que era fácil, escravo da rotina
Paguei um preço alto, viver é estar na mira!
Sinto o corpo cansado e a cabeça mais pesada
O som de todas coisas ouço alto demais
Meu corpo não é de aço tão pouco a minha alma
Daria tudo para dormir um minuto a mais
Um minuto para atrasar o que eu não quero encarar
Se o tempo cura tudo, quem cura o meu atraso?
Quem cura a falta de vontade para me doar?
Mas tenho os meus motivos e um pouco de esperança
De que toda noite mal dormida vai compensar
Pense
Album Além Daquilo Que Te Cega
Album Além Daquilo Que Te Cega
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
domingo, 24 de setembro de 2017
Os bens maiores
O que ficou
além do enlace
é o que mais foi
preso pelo gesto.
O que não foi
tocado é o que
deixou sua marca
mais nítida na mão.
A gaiola vazia
é onde habita
o que há de mais belo
em gorjeio e pássaro.
Ruy Espinheira Filho
Testamento do homem sensato
Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: “Ele era assim...”
Mas senta-te num banco de jardim
calmamente comendo chocolates.
Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi
para ser em lembranças prolongada.
Porém, se um dia, só, na tarde em queda
surgir uma lembrança desgarrada
ave que nasce e em voo se arremeda
deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada
como uma luz, mais que distante, breve.
Carlos Pena Filho
Luas
todo pretérito
é sempre
mais que perfeito
nenhum soluço
cabe inteiro
dentro do peito
emanações do
passado
despertam luas
lindas e nuas
que só se despem
do outro lado
é sempre
mais que perfeito
nenhum soluço
cabe inteiro
dentro do peito
emanações do
passado
despertam luas
lindas e nuas
que só se despem
do outro lado
Carlos Machado
em "Tesoura cega"
Alma desnuda
Imagem: Favim Soy un alma desnuda en estos versos
Alma desnuda que angustiada y sola
Va dejando sus pétalos dispersos.
Alfonsina Storni |
Domingo no parque II
-Poeta, é domingo de novo! - diz-me o pássaro.
-Verdade? - pergunto.
-Sim!
-Vamos esquecer, embora seja o primeiro domingo da Primavera.
-Verdade? - pergunto.
-Sim!
-Vamos esquecer, embora seja o primeiro domingo da Primavera.
E por vezes
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão-Ferreira
Guns N' Roses - Patience
O Mistério do sem fim
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E no planeta um jardim
e no jardim, um canteiro
no canteiro, uma violeta
e sobre ela, o dia inteiro
entre o planeta e o sem-fim
a asa de uma borboleta.
Cecília Meireles
Guns N' Roses - Welcome To The Jungle
sábado, 23 de setembro de 2017
Atrasos do acaso
atrasos do acaso
cuidados
que não quero mais
o que era pra vir
veio tarde
e essa tarde não sabe
do que o acaso é capaz
Paulo Leminski
Ivan Torrent - Rêverie
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