Vagando em versos

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Asas e azares

Voar com a asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais que eu fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado
passatempo, pesadelo
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida
meu espaço, meu herói.
A asa arde. 
Voar, isso não dói.

Paulo Leminski

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