Vagando em versos

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Felicidade


A felicidade é reencontrarmos
em nós a capacidade para amar,
porque tudo o que fazemos
sem amor é tempo perdido,
é feito em má hora,
é uma infelicidade.

Enquanto tudo o que
fazemos com amor
é a eternidade reencontrada...

domingo, 27 de junho de 2010

Eu me pergunto


Caio F. Abreu

Intuição


Composição: Ulysses Guimarães
 
[...]
Canto o que não silencia
É onde principia a intuição
e nasce uma canção rimada
da voz arrancada
ao nosso coração
[...]

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Desejo


É preciso que nos vistamos de todas as cores
para camuflar nossos medos.

É preciso que abençoemos a pá
que sepultou nossas ilusões
e enterremos, saudosos, nossos momentos.

É preciso que nossas lágrimas fertilizem as covas
onde jazem nossos sonhos
e rezemos contritos num último adeus.

É preciso que nos ajoelhemos ao lado dos nossos fantasmas 
e rezemos com eles o Réqueim dos amores.

É preciso que peçamos concordata dos nossos sentimentos
e reconheçamos a falência das nossas esperanças.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Certas Coisas


Lulu Santos

Os versos que te dou

Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

E hei de faze-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei  depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revive-los nas
lembranças que a vida não desfez...

E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.

sábado, 19 de junho de 2010

Poema Transitório


(...) 
é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... 
Ah, como esta vida é urgente!

... no entanto
eu gostava mesmo era de partir...
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial 
perdida entre as estrelas.

Mário Quintana

domingo, 13 de junho de 2010

Versos escritos n'água

Os poucos versos que aí vão,
Em lugar de outros é que os ponho.
Tu que me lês, deixo ao teu sonho
Imaginar como serão.

Neles porás tua tristeza
Ou bem teu júbilo, e, talvez,
Lhes acharás, tu que me lês,
Alguma sombra de beleza...

Quem os ouviu não os amou.
Meus pobres versos comovidos!
Por isso fiquem esquecidos
Onde o mau vento os atirou.

Manuel Bandeira

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Faixa Amarela

Mantenha-se atrás da faixa amarela,


não chegue muito perto
não acerque-se de meus traumas
não invada meus mistérios
não atrite-se com o meu passado
não tente entender nada: 
é proibido tocar no sagrado de cada um.

Martha Medeiros

sábado, 5 de junho de 2010

Há tempos


Compositor(es): Dado, Marcelo e Renato Russo

Entre o ser e as coisas




Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

As almas, não, as almas vão pairando
e, esquecendo a lição que já se esquiva
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.

N´água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungido
uma fogueira a arder no dia findo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cansaço I


Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...


Álvaro de Campos