Vagando em versos

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Filosofias



Friedrich Nietzsche

Vem pra cá




Não ver você
não tem explicação
é caminhar pela escuridão
ficar a fim e não poder falar
querer o sim e
não se acostumar com a solidão, 
o medo de amar
estranho vazio no seu olhar
eu tento achar em algum lugar
o amor que você deixou pra trás

Composição: Léo Henkin/Serginho Moah

O que me dói ...

O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

 
São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Comigo me desavim


Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Cartas de Amor

 

Cartas de amor
são escritas
não para dar notícias,
não para contar nada,
mas para que mãos separadas
se toquem,
ao tocarem
a mesma folha de papel.

Rubem Alves

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Futuros Amantes


Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio

Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar


Chico Buarque

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Carnavalia



Vem comemorar
Esca
ndalizar ninguem

Ve
m me namorar
Vou te namor
ar também

Vamos pra avenida
Desf
ilar a vida  
Carnavalizar

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dobradiças

Certos

 
Certas palavras
podem dizer muitas coisas
 Certos olhares
 podem valer mais do que mil palavras
Certos momentos
nos fazem esquecer que existe um mundo lá fora
Certos gestos
parecem sinais guiando-nos pelo caminho
Certos toques
parecem estremecer todo nosso coração
Certos detalhes
nos dão certeza de que existem pessoas especiais
que deixarão belas lembranças para todo o sempre.

Vinícius de Moraes

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Reverência ao destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.


Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.


Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.


Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.


Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.


Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.


Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade